A CULTURA DO ATRASO-MA

 

Nunca fomos tão pobres, esse é o sentimento quando olhamos para o cenário cultural do estado do Maranhão atual, entre o terreiro e a pista, perdido entre os conchavos políticos e a incompetência que se apoderaram da gestão pública cultural da nossa região há tempos, aliás nunca fomos lá essa cocada quando o assunto é desenvolvimento cultural, mas hoje a visão é de terra arrasada, embora um estado com imenso potencial cultural e econômico amargamos os piores índices, e esses índices tem relação direta, em grande medida, à elevada concentração econômica, e a pasta cultural está nesse jogo encardido para por em prática o pão e circo, sem dó nem piedade, nem dos artista locais e muito menos do povo inerte e cansado da labuta diária, o esquema é beneficiar pequenos grupos que fazem a ciranda suja dos gabinetes girar, em silêncio, porque é preciso manter os leões dormindo nos palácios, então, de um lado “grandes” eventos que são realizados às custas do bolso do contribuinte que não promovem a diversidades local, não incluem as vertentes, nem o diálogo entre gerações e muito menos vislumbram um potencial criativo promissor que possa revelar ao Brasil novos nomes da cena local; de outro, a mais pura incompetência de uma gestão completamente desconectada da realidade e sem indicação alguma de que isso mudará em curto, médio ou longo prazo.


Antes que alguém venha sugerir que isso é saudosismo oligárquico, quero dizer que estive nas trincheiras da derrubada do poder de mais de meio século da família Sarney, e é nesse local de oposição a qualquer domínio que me coloco sempre, mas, olhamos para trás e o que vemos é o aprofundamento da crise cultural do Maranhão, desespero, isolamento, não há esperança, e o que de pior pode acontecer com o povo é deixa-lo sem perspectiva, hoje respiramos com a ajuda de aparelhos e a iminência de morte nos tira qualquer poder de reação.


Por falar em oligarquia queria inclusive conclamar aquelas vozes implacáveis que tanto alardearam, com toda razão os cenários então sombrios que assolavam aqueles períodos, importantes personalidades que bradavam suas revoltas em tempo de oligarquia hoje se calam pra um marasmo cultural ainda pior, eu que prefiro cortar o meu rabo a deixa-lo preso venho aqui sugerir um reencontro que talvez nunca tenha havido da cultura do Maranhão com seu povo de forma oficial,  com a liderança de nomes que representem essa história em conhecimento e prática, uma reunião popular cercada de gente e sem abutres, e que as raízes sejam colhidas e condimentadas aos novos frutos, porque cultura é algo vivo.


Morreu fofão, chega dessa cafonice política dando as cartas sem afinidade ou sem interesse no coletivo social, o Maranhão todo precisa de uma vez por todas ser conduzido a verdadeiras e novas formas de fazer política cultural, sem atravessador, sem oportunismo e sem indiferença, esse modelo de gestão atual faliu e aprofundou ainda mais a cultura do atraso. Basta.









Beto Ehong

Artistas, produtor cultural, radialista, apresentador 

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