O UNIVERSO QUENGA DE BIA E OS BECKS


El@s dizem que o que não tem remédio remediado está, pois é, deixa assim por que é assim mesmo que Bia e Os Becks chegam com seu Universo Quenga pra soltar o amor e a franga na pista sem abrir mão de uma única sequer purpurina de liberdade, com o fogo da batida que incendeia o salão e não cobra a porta para o amor. 

Aliás, a música do amor é a grande bandeira do grupo que não tem receio em demonstrar suas cores, sexo e sabores enquanto a swingueira rola no palco e na pista, e ainda há tempo pra transformar a sociedade, balançar as estruturas e rebolar sem preconceitos, porque Bia e Os Becks é uma quenga, um mulher de nenhum, que se doa pra todo mundo, mas não dá pra qualquer um.

É nesse espaço que a revistA MundiOca encontra Bia Magalhães, Bráulio Miranda, Cássio Carvalho, Jardel de Castro e Lucas Coimbra, atuais componentes do grupo para uma conversa sobre, a trajetória da banda, o mais recente lançamento, os planos para o futuro presente, com uma sonoridade e performance de tirar o fôlego.

A banda da quente e afetuosa Teresina colocou seu bloco novo na rua em outubro de 2021, o Universo Quenga com oito músicas que aliam alto teor político, afetivo a ritmos calorosos, em especial a swingueira ou o pagodão, que fazem a casa pegar fogo com referências visuais da cultura pop, misturando a estética das HQs com o afro-futurismo. E tem mais, desde de 2012, ano em que surgiu na estrela sol Teresina o grupo não dispensa uma viagem para um universo atualizado e vem espalhando álbuns e singles pelas estrelas, os EPs Conto Amor e Todo Lascado, o álbum Margarethe, os singles #Lambada, Mar de Você, Todo Dia, Piranha, Paraíso, Panela de Pressão e Vai Cair, além de ter lançado 18 músicas inéditas juntamente com video-clipes por meio do Projeto Músicas de Ficar, com produção totalmente feita em casa ao longo de 2020 e lançado nas redes sociais e no YouTube da banda.

Bia e Os Becks é fogo, é música, é diversidade, é muita alegria pra jogar na cara de qualquer autoritarismo cafona, Bia e os Becks tem que ser ouvidos, sentidos, beijados, então liga o som bem alto, bota a tua roupa brilhante da liberdade e vem na batida do amor conferir a conversa, porque vocês ainda vão contar muito essas estrelas por ai.

Capa do álbum Universo Quenga

Como a Bia encontrou os Becks (ou foi o contrário?) e o porque da chama seguir firme com tanta liberdade cerceada e pouco espaço nos meios de comunicação de massa? Conta a história toda pra gente, donde veio esse fogo?

 

Bia Magalhães: O início da banda foi concomitantemente a minha entrada na música, eu fazia minhas composições autorais e em seguida entrei em coletivos de poetas Sociedade dos Poetas Por Vir, que fazia eventos e parcerias com bandas do cenário independente na época, que era 2011/2012. Fiz amizade especificamente com duas bandas: a Sala da Bruxas e Sapucaia, 3 rapazes me impulsionaram nesse início que foi o Ramon Rodrigues, ex baixista da banda, o Mário, ex guitarrista, e o Rafael que tocava percussão. Teve outros meninos que também me ajudaram, mas esses me apoiaram a fazer uma banda que mostrasse as minhas composições. Assim foi início, que era mais voltado pra o amor romântico, totalmente diferente da visão que nós temos hoje como banda. Muitos integrantes entraram e saíram e a visão de mundo e de banda também mudou.

 


Conheço Teresina bem, já fiz alguns shows, conheço alguns artistas, o Severo, o Gil BV, Gomes Brasil, James Brito, além de parentes na cidade vizinha já no Maranhão, e foi numa dessas travessias da Ponte da Amizade rumo a Timon que vi uma frase reflexiva pra mim, pinchada num muro, dizia: “Teresina é o cu do mundo”, no mesmo muro com uma outra grafia e cor diferente alguém respondeu “Mas quem não gosta de cu?” Nessa simbiose, a música de Bia e Os Becks entra como?

 

Lucas Coimbra: O cu é o ponto comum de todos os seres. O cu não tem gênero. Não tem classe social ou raça. Nesse novo trabalho cantamos o amor e a liberdade... Não há liberdade ou amor sem igualdade, e seguimos, pois, essa é a nossa luta. Com isso a Bia e Os Becks, que nasceu no cu do mundo, ressignificar essa palavra e dar outro sentido a ela, pois o cu está em todas as coisas vivas.

 

A Banda é um lindo retrato da alegria e talento brasileiro, em diversidade e criatividade e ao que vi todo mundo canta e compõe, como se da o processo na construção do trabalho?

 

Lucas Coimbra: É a primeira vez que a gente conseguiu juntar todo mundo criativamente num trabalho. Antigos trabalhos da Bia e Os Becks sempre contaram com a participação de pouco da banda. Foi uma mudança gradual que vem se formando a cada novo projeto, então a cada álbum íamos naturalmente acrescentando mais ideias coletivas, mais vozes, mais composições de amigos, de parceiros e de companheiros de banda. Com Universo Quenga pudemos desde o início, desde a concepção ter a participação de todo mundo e meio que a gente se forçou pra ter a participação de todos. Primeiro teve a reunião de como seria o disco e do que a gente queria dizer, depois de uma longa reunião as palavras chaves foram amor e liberdade. A gente seguiu nessas duas palavras pra montar o esboço, mas veio a pandemia e a gente meio que deu uma engavetada nesse processo e aí passado um ano quando as coisas começaram a se "normalizar" um pouco, a gente fez uma viagem para Parnaíba, fomos pra casa de um amigo, o Levi, e lá surgiu outras composições, pegamos antigas composições que encaixavam no conceito e a partir daí fomos criando as músicas, as canções e o conceito de disco e a gente conseguiu construir tudo isso com base em muito diálogo com todos. Então a cada decisão que a gente tomava a gente sempre tomava essa decisão com todos os presentes, então foi só assim que a gente conseguiu fazer esse trabalho que está soando muito coletivo. A banda conta com cinco compositores e 4 letristas poetas, então o trabalho ficou muito rico e a gente exigiu isso de todos estarem presentes, o que é um processo complicado né? porque temos que estar vulneráveis e abertos.

 

Expliquem pra gente o que é o Universo Quenga?


                                Lucas Coimbra:


 

O Universo Quenga  traz uma união bem grande de participações, como foi juntar toda essa turma em tempo de pandemia e isolamento?

 

Lucas Coimbra: O trabalho foi muito cansativo, juntar todo mundo na pandemia e a gente ainda teve uma co-produção da Ferve de Natal, mas por outro lado foi mais tranquilo porque a gente já tinha uma grande experiência com o nosso Projeto Músicas de Ficar que foram lançadas 18 canções, em que a gente compôs e produziu clipes e músicas tudo online de forma remota, então eu acho que esse projeto amadureceu muito a gente nesse quesito. A partir daí a gente conseguiu se virar bem e conseguir laçar o trabalho de forma bonita de forma bem feita no prazo até que curto ao meu ver. Então o Músicas de Ficar foi o grande responsável, foi um treino para o surgimento do Universo Quenga.

 

Antes de voltar novamente ao Universo Quenga digam pra gente como era a cena local de Teresina antes da pandemia, como foi se virar durante e o que vocês esperam sobre o pós?

 

Jardel de Castro: A cena local de Teresina infelizmente ainda é formada por poucas bandas, mas é uma cena que vem ganhando espaço, as bandas daqui estão produzindo trabalhos muito bons, Piauí é muito grande e sei que tem muita coisa boa que a gente não conhece ainda, espero que essa cena cresça cada vez mais. A meu ver a pandemia só aumentou ainda mais as dificuldades que já eram muitas, a gente teve o privilégio de estar gravando o disco mesmo durante a pandemia, mas nem toda banda teve essa sorte, porém por outro lado estávamos sem fazer shows e cheio de  incertezas de quando a gente ia poder finalizar esse trabalho, por diversas vezes tivemos que adiar as gravações por conta da pandemia, eu mesmo trabalhei como entregador por um bom tempo durante esse período, visto que minha renda ficou totalmente comprometida sem fazer shows. O que a gente espera sobre o pós pandemia é poder fazer muitos shows e fazer esse trabalho chegar ao máximo de pessoas possíveis pra que eles vejam que aqui no Piauí a gente também produz muita música boa.

 

Bia e Os Becks


Teresina é muito conhecida pelo calor, pela cajuína, pela carne de bode, pelo poeta Torquato Neto, o que mais Teresina tem que o mundo precisa conhecer?

 

Bráulio Miranda: Teresina é uma cidade por descobrir. Tanto por quem habita nela quanto para quem está de fora, ao meu ver. Por outro lado, ainda vejo uma cidade um pouco "tímida" e que poderia mostrar mais a cara pro mundo. Existe uma produção cultural relativamente expressiva nas mais diversas linguagens artísticas aqui, muitas pessoas batalhando pra conseguir produzir e executar seus trabalhos artísticos.

 

Nesse universo sem graça da política brasileira em que vivemos o que o Universo Quenga pode ensinar?

 

Jardel de Castro: O Universo Quenga é o nosso grito de liberdade, um universo melhor de se viver e mais livre pra fazer nossas escolhas, um universo de possibilidades. Hoje temos uma democracia ameaçada, eles estão achando outros meios de burocratizar tudo e com isso acabam criando uma censura, deixando a gente cada vez mais cansado pra que a gente desista, ditando como temos que fazer nossa música, como temos que se comportar, se vestir e se relacionar com as outras pessoas e com o mundo. O Universo Quenga é uma força que se opõe a toda essa opressão que vivemos hoje, é a nossa arma e o nosso escudo, a nossa forma de expressão, a panela de pressão, nossa conquista do espaço, nosso paraíso, nossa fuga pra Marte e a nossa dança, não dar pra descrever esse universo todo, mas é por ai rsrsrs

 

Vocês já estão preparando a volta os palcos, com público, depois de tanto tempo? Tem alguma agenda nesse sentido?

 

Bráulio Miranda: Sim, por hora estamos mais focados na questão do lançamento do nosso novo álbum, mas já planejamos o show de lançamento para o mês de outubro. A expectativa é que a partir disso a gente abra a agenda pra tocar bastante e divulgar esse trabalho.

 

A liberdade e o amor ainda são populares ou ninguém tem nada disso sem pagar?

 

Lucas Coimbra: O amor e a liberdade são fundamentais pra existência humana. O lucro por sua vez no separa desses dois pontos. O que podemos fazer é ousar e continuar amando.



Vocês foram uma grata surpresa pra mim em 2021, sugestão do meu brother Severo, espero que em breve estejam cantando nos palcos do Brasil, e com certeza conto com isso em São Luís. Pra fechar digam aí o que mais a Bia e Os Becks podem rolar para o mundo todo?

 

Bia Magalhães: Acho que vamos continuar fazendo nossa música e levando nossa mensagem, e o que a gente mais quer é tocar pelo Brasil todo e levar a nosso som pra todos os lugares possíveis



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Beto Ehong

Cantor, compositor, ator, produtor cultural

Bacharel em Comunicação Social - Rádio e TV/UFMA

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